Duas fotos da maratonista Adriana da Silva ao lado de Zezé di Camargo repousam sobre uma estante, no apartamento da atleta. No móvel, também há um boneco em miniatura do cantor e outro de seu irmão, Luciano. A peça ainda dá suporte para mais retratos, troféus, aparelhos eletrônicos... A primeira imagem que se tem ao entrar na república em que a corredora do Esporte Clube Pinheiros divide com outras quatro atletas do clube, em São Paulo, é desse conjunto. Se na estante as referências à dupla ficam próximas a símbolos de conquistas esportivas, na vida de Adriana, que representará o Brasil na Olimpíada de Londres, algo similar acontece.
"Minha inspiração no atletismo eu busco neles (Zezé di Camargo e Luciano)", afirmou a maratonista em entrevista ao Terra. "Porque os dois tiveram a vida humilde também, superaram várias coisas para chegar ao sucesso. Muitas coisas que eles viveram, de passar fome, necessidade, eu também passei. A infância que os irmãos deles tiveram eu também tive. Vou para os meus treinos escutando a dupla. Vou para minhas viagens escutando. Onde vou eles estão", acrescentou a campeã pan-americana em Guadalajara.
Adriana é natural de Cruzeiro, no Vale do Paraíba, onde moram sua mãe, três irmãos e o restante da família. Em 2006, recebeu um convite para treinar no Pinheiros e aceitou. Antes mesmo de se dedicar ao esporte, já era fã da dupla. "Desde os meus onze anos", contou a corredora, que se desdobrava para acompanhar os sucessos deZezé de Camargo e Luciano.
"Em 1991, a gente era bem simples, não tinha toca-fitas nem discos em casa. Eu escutava as músicas no rádio, corria no caderninho e escrevia as letras. Tocava de novo, eu ia lá e escrevia mais um pedaço. Então sempre que eu queria cantar e não estava tocando no rádio eu lia o caderninho", disse.
Além dos registros na memória da atleta, as duas décadas de tietagem dedicadas à dupla podem ser identificadas de outra forma: dentro de uma enorme sacola estão revistas, ingressos de shows, pôsteres, CDs, uma pasta com recortes de matérias com os artistas, entre outros itens colecionados ao longo de anos. Quando espalhados no chão do apartamento de Adriana, lembram um verdadeiro tapete.
Em 2010, a corredora viu no site oficial de Zezé di Camargo e Luciano uma oportunidade para conhecer de perto os artistas. Quem tivesse o livro "Dois corações e uma história", sobre a trajetória da dupla, poderia se inscrever na promoção para participar de uma tarde de autógrafos com eles. "Daí eu me inscrevi e fui sorteada", contou a maratonista.
Quando a dupla chegou ao local do evento, Adriana não perdeu a chance. "Na hora que ele (Zezé di Camargo) foi entrar eu segurei seu braço. Eu pensei que ele fosse entrar, mas não, ele voltou, olhou para mim e eu falei: 'deixa eu tirar uma foto?'. Daí ele: 'pode vir'. Então eu tenho uma foto de quando ele chegou e uma foto lá dentro, quando ele autografou meu livro", disse a corredora, referindo-se aos retratos que estão na estante de sua sala.
Com o grande número de sorteados presentes à tarde de autógrafos, a maratonista teve pouco tempo para ficar ao lado da dupla. Mesmo assim, conseguiu trocar algumas palavras com Zezé di Camargo. Como toda boa fã, Adriana lembra detalhadamente da conversa.
"Eu falei para o Zezé: 'você é a minha inspiração quando eu vou para as competições'. E ele, autografando: 'ah, é? O que você faz?'. E eu: 'sou corredora. Corro maratona'. Ele olhou para mim e falou: 'nossa. Até que você dá jeito mesmo. É magrinha!'. Eu falei: 'fui terceira colocada na Maratona de São Paulo, vou para Berlim agora correr'. E ele: 'que legal!' Daí ele falou para outro rapaz: 'eu quero ver você correr 42 km igual a ela", recordou Adriana, que achou o ídolo uma pessoa "simples e divertida".
Naquele ano, a atleta fez uma preparação na Colômbia para a Maratona de Berlim, que concluiu em sétimo lugar, com o tempo de 2h32min30. "Toda a hora eu abria a foto, mostrava para todo mundo e falava: 'olha, olha, cheguei perto deles!'. Ia treinar com as músicas na cabeça pelo tanto que foi legal (a experiência)".
Em 2011, a maratonista brasileira venceu os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara com o tempo de 2h36min37, recorde da competição. Em fevereiro de 2012, terminou a maratona de Tóquio com o tempo de 2h29min17, assegurando a vaga para os Jogos de Londres, que tem como índice 2h30min07. O resultado obtido no Japão é a melhor marca da atleta e a segunda mais baixa de uma maratonista brasileira, apenas atrás dos 2h27min41 obtidos por Carmen de Oliveira em 1996.
Fonte Esportes Terra
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