Nem sempre idade é sinal inconteste de experiência. Pelo empenho com que se atiram a cada desafio da vida, algumas pessoas conseguem subverter a lógica do calendário e do tempo, virando vencedores quando muitos ainda iniciam sua trajetória profissional. É o caso do empresário Anderson Ricardo, que com apenas 30 anos de idade tornou-se referência e figura de ponta dentro do mercado de entretenimento e show business.
Na forma como cada um encara as dificuldades que se apresentam reside o segredo de como tirar melhor proveito de cada desafio que ela lhe joga na cara. É o caso de Anderson, que, com a dissolução do casamento dos pais, viu-se cedo compelido a trocar as brincadeiras de menino por uma maturidade que seus colegas só iriam assumir anos depois.
É verdade, um trevo teve vital importância na trajetória de Anderson Ricardo. Mas não aquela cobiçada folhinha que, por conta da superstição, vira sinônimo de sorte para quem a encontra. O trevo em questão era o ponto que faz a ligação entre Guaimbê - cidade com cerca de cinco mil habitantes, a 470 quilômetros de São Paulo - e todos os sonhos que começaram a povoar a cabeça do Anderson menino. Foi com oito anos de idade, na primeira vez que se deparou sozinho com o lugar, sem parentes, sem nada, que ele traçou para si mesmo a proposta de um dia ir até o final da estrada que viu à sua frente, a BR-153, para conferir o que o mundo lhe reservava lá.
Enquanto a tão sonhada viagem não acontecia, o menino foi inventando e encarando outros desafios em sua própria terra natal. Dois anos depois desse primeiro encontro com a Transbrasiliana - que ele imaginava levar só até Goiás -, Anderson bem que tentou pegar o asfalto fugindo com um circo que passava por Guaimbê. Malinhas prontas foi retirado do meio da trupe pela avó, que cuidou de sua criação desde que o lar dos pais desmoronou.
Mas o espírito empreendedor do menino não sossegou nem com esse primeiro revés. Em vez disso, aos 12 anos se encantou com os rodeios, e fez que fez até convencer um dos donos de tropa a fazer dele um locutor de provas de montaria em carneiro, para peões mirins. Fora da arena, dava tratos à bola encontrando outras formas de ganhar dinheiro e ajudar no sustento familiar - à revelia da própria família, convém que se frise aqui, para aplacar qualquer crítica de exploração do trabalho infantil.
O caso está mais para a criatividade infantil. Ou da capacidade de Anderson Ricardo para transformar em limonada todos os limões que via pela frente. Como quando, ainda aos 12 anos - nos tempo livre da locução e das viagens pelas arenas da região -, descobriu com um vizinho a fórmula de preparar detergentes e desinfetantes domésticos. Não demorou em que desse um jeito de comprar toda a química necessária, arregimentar uma equipe de amiguinhos, e transformar essa sabedoria em dinheiro. Como Guaimbê ficou pequena para a empreitada, lá foram todos, de ônibus, com a "indústria ambulante", para Lins, ampliando o mercado de seus perfumados produtos.
Essa capacidade de liderança - que encantava até os pais dos meninos que trabalhavam com Anderson, e levavam um dinheiro inesperado para casa - acabou chamando a atenção também em uma empresa de venda de alhos onde ele se empregou com 14 anos. A ponto de um gerente promovê-lo de empacotador a líder
da equipe de jovens responsáveis pela mesma tarefa. Paralelamente, Anderson já ia, por essa época, tocando os estudos à noite.
Mas o projeto de vencer na vida com a própria voz não foi deixado de lado pelo rapaz. Tanto que, aos 16, lá estava Anderson como o mais jovem locutor de uma rádio comunitária de Guaimbê, apresentando um programa sertanejo. Mas definitivamente o município ficava cada vez menor para seus sonhos de ganhar o mundo. Suas divisas foram rompidas em julho de 2000, quando Anderson pegou carona com um caminhoneiro rumo a Goiás, cidade que lá na infância, naquele primeiro encontro com a BR-153, ele achava ser o ponto máximo da rodovia. Nas tais andanças, virou locutor de uma rádio em Santa Helena de Goiás, a 200 quilômetros de Goiânia, e Caçu, a 343 quilômetros da capital goiana. Isso com ganhos que variavam de dois a quatro salários mínimos, que lhe permitiram trazer o pai, para morar consigo nas casas que ia alugando nessas cidades. O reforço no orçamento se dava por meio de atividades que exercia fora do estúdio das emissoras, como promover e narrar eventos ou gravar serviços de telemensagens.
Próxima escala dessa vida-viagem foi Mineiros, em que, além de conquistar seu espaço em uma FM local, passou a desenvolver projetos que aproximassem a prefeita da cidade da população. Foi ali também que Anderson, que já lidava com artistas e músicas nas emissoras de rádio, montou sua primeira empresa de venda de shows. Foi nesta ocasião que conheceu e resolveu contratar alguns shows de um menino conhecido como Gurizinho, que despontava como músico em Campo Grande e na internet. Alguém ainda não ligou o nome à pessoa? Pois é: o garoto em questão, em questão de quatro anos, já empresariado por Anderson, bombou no Brasil todo com seu nome de batismo, Luan Santana, com a canção "Meteoro".
Mas, para Anderson Ricardo, prevalece o ditado de que o espetáculo tem sempre que continuar. E é com isso em mente que ele está expandindo suas atividades, abrindo um escritório para fazer valer esse seu faro para descobrir talentos e aproximar o público de outras estrelas que já brilham por aí, no cenário nacional e internacional. Afinal, não param de cruzar meteoros de absoluta grandeza pelos céus do Brasil e do mundo. Fenômenos também não param de ocorrer por aí. Basta estar atento a eles. Ter olhos pra ver e ouvidos pra ouvir. E isso, como já se viu, Anderson Ricardo tem de sobra.
Texto: Eleni Oliveira
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