Filho de Paulinho, o jovem não poderia deixar de lado sua vocação para a música, que corre em suas veias desde menino, como a seiva que alimenta uma frondosa árvore. Prestes a completar 26 anos de idade, a experiência musical vem de longe, quase que de berço. Os avós maternos também se dedicaram à arte, formando um tradicional grupo na região de Assis, interior de São Paulo, o Grupo Folclórico Imperial.
Aos 8 anos, Paulo Franco já começava a tocar na igreja local, e aprendia a dominar os primeiros instrumentos, o que se tornaria uma verdadeira paixão. Hoje toca violão, viola, baixo e virou especialista em guitarra e bateria. Em sua coleção particular, são mais de 20 peças, desde viola até violino.
As referências na infância, além dos ícones da família, foram nomes como Tião Carreiro e Chitãozinho & Xororó. Em paralelo, Paulo sempre admirou música gospel, no estilo rock, e o country internacional de grandes nomes como Alan Jackson, Keith Urban, Jason Aldean e Brad Paisley.
Com tantas (e tão boas) referências na música, impossível não dar vazão ao talento nato. Cursando o terceiro ano da Faculdade de Direito, Paulo Franco deu uma grande guinada em sua vida, trancou a matrícula do curso e se dedica integralmente ao seu álbum de estreia, lançamento da gravadora Radar Records. Se o ramo do direito corre o risco de perder um grande advogado, a música com certeza ganha um enorme reforço, dada a personalidade forte, carisma e força de vontade para fazer aquilo que gosta, predicado obrigatória para quem busca realização pessoal e profissional.
O estilo escolhido é o sertanejo country rock, uma vertente pouco explorada no país, e que tem em Paulo Franco um profundo conhecedor. As letras, muitas delas autorais, mostram a primeira de uma série de qualidades do cantor. São 11 canções ao todo, 9 delas inéditas e duas regravações de peso. “Duas Vezes Você” (César Augusto / Cezar), sucesso nas vozes de Cezar & Paulinho, ganha uma nova roupagem surpreendente, uma homenagem que conta com a participação especial da dupla. “Cerne de Aroeira” (Lourival dos Santos/Jesus Belmiro/Vicente P. Machado), modão clássico de Tião Carreiro, também ganha nova versão, esta com uma participação pra lá de especial do pai, Paulinho.
Mas são as inéditas que norteiam o trabalho e reforçam a personalidade do intérprete. A espinha dorsal do disco revela uma nova faceta do universo feminino. Deixando de lado estereótipos comuns nos dias de hoje, que retratam a mulher como submissa ou indefesa, Paulo prefere enxergar o chamado sexo frágil com outros olhos. Nas letras, as mulheres assumem o papel de protagonistas e mostram seu lado mais forte. É assim em “Vó Maria”, escolhida como primeira música de trabalho. A composição, assinada por Paulo Franco e Thiago Bergamasco, conta a história da juventude da bisavó do cantor.
O sentimento está presente em vários momentos do trabalho, em faixas como “Quero Sentir” (Daniel Tavares/Ricardo Garcia), canção que promete mexer com a emoção até dos corações menos sensíveis, ou “Vida de Ciúmes” (Ricardo Garcia/Daniel Tavares/Thiago Bergamasco).
Já “Seu Nome Ainda Não Sei” (Paulo Franco/Thiago Bergamasco) tem uma pegada diferente, valorizada pelo piano. A letra fala das noites de balada, onde o nome da pessoa conquistada nem sempre é lembrado. Outra composição de Paulo Franco e Thiago Bergamasco, “Duelo” é mais uma que mostra a força das letras e a sonoridade diferenciada do cantor. Os dois ainda repetem a parceria de sucesso em “Teus Olhos me Dizem Não”, que ganhou o primeiro videoclipe oficial da carreira do intérprete.
A musicalidade proporcionada pela introdução do piano, banjo, lap steel e guitarra, em grande parte do álbum (instrumentos que o acompanham nos shows da turnê), é mais um diferencial do estilo Paulo Franco, que assina a produção do CD ao lado de Paulinho e Davi Allan. Se alguém ainda tem dúvida da personalidade do intérprete, basta ouvir “Tá Bombando nas Paradas” (Paulo Franco/Thiago Bergamasco), um vanerão que é praticamente o cartão de visitas do primeiro álbum do cantor. A letra, que tem versos como “Aqui o sistema é xucro e minha moda é violenta / Se não vier preparado o caboclo se arrebenta / Guitarra de rock’n’roll com viola ‘nóis’ mistura / ’Nóis’ não perde o rebolado, ‘nóis’ tem jogo de cintura”, mostra que Paulo Franco traz um conceito bem diferente da mesmice que muitas vezes domina o mercado e, o mais importante, veio para ficar.
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